quarta-feira, 3 de novembro de 2010

CONTO SOBRE UM VELHO AMOR

Corumbau, Sul da Bahia - Abril 2010
Era uma vez um homem e uma mulher que se encontraram e se amaram intensamente, até acontecer do tempo corroer o sentimento. Este tempo que corrói qualquer coisa, quase todas as coisas. Só não destrói grandes amizades. Pai, mãe, irmão, amigo, filho. E assim o amor acaba: um para um lado, outro para outro.

Dançando no horizonte - Corumbau

A alma da gente pedindo comida, comida, alegria, novos sonhos, outros ares. Na verdade, pedindo que qualquer coisa mude, qualquer coisa aconteça para que se possa sair de um vazio escuro e silencioso. Mas homem e mulher insistem, vão no limite, ultrapassam. É assim que deve ser. Está tudo certo. É preciso ir no limite. Quem sabe um milagre aconteça? Quem sabe ele mude? Quem sabe ela mude? Quem sabe voltem as palavras, os interesses e os beijos cheios de vontade. Quem sabe volte a saudade de quem mal se separou.

Igrejinha no vilarejo de Corumbau

É preciso ver o fim. Aceitar o fim. Mais uma vez a vida pede um tanto de coragem e outro tanto de ousadia, mais ainda, pede confiança na própria vida. O medo do arrependimento é paralisante. E aí está você: velho e infeliz porque pensou demais e viveu de menos, aceitou infelicidades para não correr o risco de ficar sozinho.

Entardecer no Quadrado de Trancoso - BA

Erramos o tempo todo, acertamos o tempo todo. Era uma vez um homem e uma mulher que se encontraram, se amaram muito e tanto, mas que também souberam a hora de parar. E que nesta hora eles possam ser dignos, íntegros, sinceros consigo e com o outro. Sem desculpa, sem bengala, sem rancor ou violência.

Para sempre Tiradente e a Serra por testemunha
A vida sempre segue e então o tempo mostra a outra face. Seu lado generoso, quase Deus. O tempo que tudo cura porque passa e novos dias nascem em um movimento sem cessar.

Vista do Solar da Ponte ao amanhecer - Tiradentes, Abril 2010

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