quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Um ano bom

Meu primeiro livro foi Reinações de Narizinho...
Tanto tempo... acho que foi Nelson Rodrigues quem disse que arte da leitura é a releitura. Impossível! Precisaríamos de dez vidas em uma (ou mais).

Tenho alguns autores preferidos. Aqueles que a gente compra assim que sai coisa nova. Sinto falta do Garcia Marquez, há tempos que não vem romance bom. O último, não consegui ler! Viver para Contar foi o primeiro dele que não fui até o fim devorando. Não fui até o fim e ponto.

Salman Rushdie é outro, Vargas Llosa também. Mas do primeiro não li o mais conhecido Versos Satânicos. Não tive vontade. E do segundo, não li vários, mas vai produzir tanto assim no inferno! Afinal, há outros tantos para ler.

Outro dia resolvi voltar à Clarice Lispector. Que azar! Não devia ter feito isso. Achei chaaata. Na adolescência, devorei tudo dela. Prova de que realmente mudamos. Mas todos eles merecem uma listinha própria. Hoje resolvi passar para cá, os últimos livros que li. Foi um ano bom.

Nos últimos meses, pude ler muita coisa boa! outras nem tanto. A leitura é um grande amor desde pequenininha.

Os melhores dele são As Brasas e Divórcio em Buda. Ele é Húngaro. Este livro é o mais fraquinho dele, mas mesmo assim, pensando bem, prende a gente dentro de um porão durante a segunda guerra.

Já falei deste livro no blog. O autor é o mesmo de Equador e sou uma das milhares que leu. No Teu deserto é uma pequena obra-prima.


Tenho este problema. Ás vezes não lembro naaaada do que li de um texto. Teria que voltar às páginas para lembrar. O pior é que gostei!! Gostei muito. Ninguém merece uma memória dessas.

Odiei Estorvo e tentei ler Benjamim. Budapeste nem tentei. Desisti do Chico escritor e estava completamente descrente de Leite Derramado. Gostei! Não é nenhuma Brastemp, mas vai nos levando, levando, no final ainda prende mesmo. Acabei respirando alividada. Afinal, achar algum defeito no Chico Buarque é quase uma calúnia. Mas que estorvo é chato, nosssssa, como é.

Ok, qualquer livro dele é ótimo. Todos que li: O último suspiro do mouro, O chão que ela pisa, Fúria, Oriente Ocidente. Com este aí de cima fiquei grudada feito uma tarada até a última página. Rushdie é uma espécie de Garcia Marquez do lado cima do Equador.


Adoro o jeito do Nelson Motta escrever. Já li até aquele livro que ele relata quatro copas (esqueci o nome). Nunca fui uma fissurada por Tim Maia, além do que somos todos, quando o dj coloca aquelas músicas impossíveis de não dançar. Mas Vale Tudo é devorante.

Um delicioso passatempo. O jeitão da Leila me irrita um pouco. Talvez porque ela transgredia demais no melhor estilo anos 70. Se é que alguém me entende. Deixa pra lá... 

Há tempos estava brigada com o João Ubaldo. O Diário do Farol é super deprê. Também não terminei. Mas este livro é simplesmente daqueles para virar clássico da nossa literatura. Recentemente peguei Terra Sonâmbula, do moçambiquenho Mia Couto, e encontrei um certo DNA em comum. Um jeito de escrever cor de terra, cheiro de interior, um ar deste mundão de Deus, linguajar de lagarto e atmosfera onírica. Ui! Fui longe demais? 

Sabe que é interessante? Ganhei de amigo oculto, não dei nada por ele, aí fui até o fim. É história verídica de um pai fora da curva e um filho fora do eixo. Valeu mesmo.

Nem acredito que fui até o final deste livro. Me esforcei. Ás vezes, ele engasga, outras flui. Acabei gostando bem. Não li o que se disse deste livro ou se alguém mais além de mim e do meu ex-sogro, que o recomendou. Valeu o esforço, mas de todos estes que estão listados neste post é aquele que tenho mais restrição.

Outra maravilha. Não conheço a autora, mas é filosofia e literatura que consigo digerir. Um romance delicioso, forte, misterioso, contado por duas vozes: a de uma menina de 12 anos, jovem francesa "existencialista", e por uma mulher madura, a zeladora de um prédio de ricos na França. Interessantíssimo. Daqueles bons livros da vida.

Confesso que não sou devoradora de Auster, mas Invisível vale cada página. Ótimo, ácido, forte, bom.

Bem, descobri Jacobsen este ano. Diz-se que é o maior romancista do século 19 na Dinamarca. De qualquer maneira é história que me prende. Já li muitos feito este. Daqueles romances puros, puríssimo! Coisa de outra época, outra literatura. me lembrou Machado, me lembrou Eça. Ai, queria um Niel Line por mês na vida. Como sou careta! hahaha

Peguei este livro na livraria por intuição. Gostei do nome, do lugar onde se passava, a Rússia do último Czar. Me agarrei que não soltei. Muito melhor do que os quatro que estão agora na minha mesinha de cabeceira e que não consigo avançar com nenhum deles. O Palácio de Inverno é outro romance puro, sem pretensão. Tem História, tem amor, aventura, perigos. Amei.


Um comentário: