terça-feira, 25 de agosto de 2015

Repleta de nenhuma ideia



Nasci bem velha e ando me rejuvenescendo.
Talvez seja a tal maturidade.
A maturidade me tem trazido juventude.
Isto com certeza.
Mais jovem, mais leve, menos vaidosa, mais brincalhona.
Nasci insegura e fui crescendo vaidosa.
A vaidade envelhece e cansa.
Ah... e como a vaidade deixa a todos arrogantes!
Que liberdade ter espaço para piadas.
Que delícia o erro, a piada para quebrar o gelo em qualquer circunstância.
Prisão é só existir na genialidade.

Não. Não sou, nem somos, só sucesso e fortaleza.
Somos humanos , cheios de fragilidades;
Um poço de “não sei” e repletos de “nenhuma ideia”.
Confesse.

Andei aprendendo uma coisa:
- Sucesso é coisa que dá e passa.

Acordamos sempre para matar um ou mais leões.
Quem não tem que lutar por nada ou por ninguém, não tem porquê olhar para o lado.
Quem não olha para o lado, não tem porquê olhar o próximo.
Quem não olha para o próximo, não saberá rejuvenescer.
Na arrogância e imaturidade, é só espelho.
Não olharemos , nem escutaremos, nem entenderemos nada sobre o outro, e isto não é crescer.
Nasci bem velha e isso faz algum tempo.

Misturemos tudo: juventude, maturidade, arrogância, intolerância,
liberdade, graça, maternidade ou paternidade. Erremos sempre querendo acertar.

Fazer o outro rir é mais gostoso que fazê-lo pensar.
Pensar é ato contínuo, inevitável. Risada é presente divino.

Mais uma última ideia jogada ao vento: você não precisa se levar tão a sério. 



quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Nunca entendi nada desta nossa contemporaneidade.

Para me espantar com arte

Para me espantar com arte só se puder encontrar poesia.
Poesia na imagem, na música,  na palavra, na cena, no movimento, no traço, rabisco. Por favor, poesia!
Sem poesia não vejo arte em lugar algum. Não sinto nada.
Quero me espantar de verdade. Espanto para o bem, não para o estranho, este eufemismo ao qual recorremos depois de tanto ver, ouvir, contemplar. Espanto além do que já se fez e o que conhecemos.
Quero uma arte para me espantar.  Quero arte para cair na gargalhada ou para chorar.
Nunca aceitei muito esta nossa contemporaneidade. A dança sem movimento, a música cacofônica, o cinema que não diz, a tela de muitas cores que não me levam a nada.
Busco a poesia e quando encontro lavo minha alma. O bidê não me comove senão pelo inusitado.
Quero traço, gesto, take, qualquer coisa que me diga algo. 
Quero me espantar, me comover, me extasiar.

Sou daquelas que não sobreviverá. Sou ninguém, não apareço em jornal algum, sou um nome que não aparecerá no Google além dos eventos sociais. Não sobreviverei ao Google. No final das contas, amo a boa arte de ontem e de hoje e ela precisará de mim apenas enquanto estiver viva.
Amo a boa arte que resiste ao tempo. 
Amo a boa arte e ponto.